Curso não assegura promoção | MBA pago pela empresa? Veja o que elas oferecem - e o que cobram depois

Para muitos profissionais, cursar um MBA (Master in Business Administration) ou pós-graduação, aqui ou lá fora, pode parecer um sonho irrealizável. A advogada Marianna Vieira Barbosa Morsel contou com uma grande ajuda: cerca de metade de sua pós na Fundação Getúlio Vargas e de seu LLM (Master of Laws) na Universidade de Chicago, em 2018, foi custeada por seu empregador: o escritório de advocacia Pinheiro Neto, um dos mais tradicionais do país.
Assim como o Pinheiro Neto, muitas empresas têm percebido as vantagens de oferecer a extensão ou especialização dos estudos a seus funcionários. Segundo a pesquisa FIA Employee Experience 2020, realizada com mais de 300 empresas brasileiras, 39% delas oferecem algum tipo de parceria com instituições de ensino para alavancar a formação dos empregados.
"As pessoas que passam por esses programas têm um pensamento mais estruturado e os debates gerados trazem inovação e melhorias para a empresa", afirma Juliano Ribeiro Marcílio, diretor de recursos humanos do Bradesco.
Douglas Woods, managing director e lider de recrutamento do Boston Consulting Group (BCG) Brasil, concorda. "Trata-se de um bom exemplo de programa que traz benefícios para ambos os lados".
Altos custos, grandes benefícios
Para justificar o alto custo dos cursos, que podem chegar a até US$ 100 mil, as empresas costumam destacar o conteúdo técnico, o networking e, no caso dos programas fora do Brasil, a vivência internacional que o colaborador irá ganhar.
"A academia sempre traz conceitos e referências distintas que permitem que as pessoas estejam melhor preparadas para enfrentar desafios do dia-a-dia, como novos produtos e novas demandas de clientes", diz Marcílio. "Além disso, é uma oportunidade de debater questões internas com os professores e com colegas de vários setores da empresa, que têm perspectivas diferentes".
Atualmente, o Bradesco cobre totalmente os cursos de pós-graduação e MBA de mais de 800 funcionários. O RH sonda com outros departamentos os principais desafios e necessidades da organização e, a partir disso, fecha parcerias com escolas como Saint Paul e IESE Business School. Assim, consegue elaborar turmas fechadas, de um ou dois anos, focadas em temas como ciência de dados, uso de dados na tomada de decisão e metodologias ágeis. Os beneficiados são escolhidos a partir de um recrutamento interno.
Cada empresa, um modelo de investimento
"As escolas sabem que o BCG faz um grande esforço para atrair grandes talentos e que temos candidatos de alto potencial, o que aumenta a probabilidade de aprovação", acredita Woods. A empresa arca com o todo o valor do curso e também oferece ajuda em despesas, como aluguel e alimentação.
Já no Pinheiro Neto, anualmente, cerca de 15 associados na faixa de pleno ou sênior viajam ao exterior com esse propósito. São cobertos entre 40% e 50% do custo do curso, mas a alocação do valor é determinada pelo funcionário. É ele quem decide se vai usar o dinheiro para pagar o curso ou o custo de vida.
Os estudos costumam incluir também um período de experiência profissional em um escritório estrangeiro parceiro - no caso de Marianna, em Tóquio, no Japão. "Temos uma base de clientes bastante diversa no mundo todo e achamos muito importante que nossos talentos adquiram essa vivência global", diz José Luiz Homem de Mello, sócio do escritório.
Curso não garante promoção, mas ajuda
Por isso, é preciso que os funcionários interessados nesse tipo de benefício entendam que o desempenho no retorno ao trabalho é tão crucial quanto a conclusão bem-sucedida no curso. É comum, por exemplo, que seja firmado um contrato exigindo sua permanência por dois anos na empresa (impedindo, portanto, que seu novo conhecimento seja levado para a concorrência).
Por outro lado, as organizações também asseguram que, no caso dos cursos internacionais, o período ausente não deixará o colaborador para trás. No BCG, o período do MBA funciona como uma pausa. No Pinheiro Neto, o associado retorna para a categoria em que estaria caso tivesse continuado atuando no escritório.
O Prêmio Lugares Incríveis para Trabalhar é uma iniciativa do UOL e da Fundação Instituto de Administração (FIA) que vai destacar as empresas brasileiras com os mais altos níveis de satisfação entre os seus colaboradores. Os vencedores serão definidos a partir dos resultados da pesquisa FIA Employee Experience, que mede o ambiente de trabalho, a cultura organizacional, a atuação da liderança e a satisfação com os serviços de RH. Eles serão anunciados em 1/12.