Proposta que libera caça a baleias tem votação adiada em Santa Catarina
A proposta apresentada pelo Japão que autoriza a caça a baleias, proibida desde 1986, teve votação adiada pela Comissão Internacional da Baleia (CIB), que realiza evento para discutir assuntos relativos às baleias em Florianópolis, Santa Catarina, com a presença de representantes de mais de 80 países. A previsão inicial era de que a proposição fosse apreciada nesta quinta-feira (13). Com a mudança, o tema deve ser colocado em pauta na próxima sexta-feira (14).

Baleia-jubarte (Foto: Divulgação)
Países como Islândia e Noruega defendem a legalização da caça. O Brasil, no entanto, posiciona-se contrário à prática e já conseguiu uma vitória no evento com a aprovação da Declaração de Florianópolis. O documento, que recebeu 40 votos a favor, 27 contra e 4 abstenções, reafirma a moratória de caça a baleias e propõe que recursos da CIB sejam utilizados para a conservação desses animais, e não para caça, promovendo ações de pesquisa, estudos de sustentabilidade e turismo de observação. As informações são do portal G1.
O governo brasileiro comemorou o fato da Declaração de Florianópolis ter sido aprovada. “Coloca os princípios básicos de proteção, reafirma a moratória de caça à baleia, coloca a questão da conservação como uma questão prioritária e, pela primeira vez em 20 anos, nós temos uma vitória expressiva. Então, estamos todos muito felizes”, disse o Secretário Nacional de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente José Pedro de Oliveira Costa.
Apesar dessa aprovação, a proposta do Japão de legalizar a atividade ainda será votada nesta sexta-feira. Para aprovar a caça, são necessários 75% dos votos da comissão.
“A votação do retorno da caça a baleias deve ocorrer por sugestão do Japão, em outras convenções, com propostas divergentes, uma situação assim, em que já foi aprovado o contrário, a questão é tirada de pauta. Como se trata de um país como o Japão com ampla participação no evento e na questão pode ser submetido à votação. Na prática, não tem chance de ser aprovada”, afirmou o diretor do Instituto Baleia Jubarte, José Truda Palazzo.
Truda lembrou ainda das ameaças sofridas pelas baleias e do risco ao qual seriam submetidos esses animais com a aprovação da caça. “Existe emalhamento frequente de baleias em rede de pesca, colisões com grandes embarcações e a poluição dos mares. E a própria mudança climática vem fazendo com que haja outros impactos e somados esses impactos à caça da baleia novamente, poderia colocar a perder o que se ganhou de pouco nesses 32 anos de moratória”, explicou.
Proposta de criação de santuário é rejeitada
Na tentativa de preservar as baleias, foi colocada em votação durante a 67º reunião da Comissão Internacional da Baleia (CIB), na última terça-feira (11), o projeto de criação do Santuário de Baleias no Atlântico Sul, que vem sendo submetido à votação desde 2001. A proposta não foi aceita. Entre os países que votaram contra estão Japão, Noruega e Islândia.
A área destinada ao santuário seria composta pelas águas do oceano Atlântico, abaixo da linha do Equador, entre as costas da África e da América do Sul, com 20 milhões de quilômetros quadrados que abrigam 51 espécies de cetáceos. O santuário teria a função de proteger esses animais e de criar uma zona de cooperação e pesquisa entre os países da África e da América do Sul.
A comissão também aprovou a caça de mil baleias para fins de subsistência indígena em países como Rússia, Estados Unidos, Dinamarca (Groenlândia) e St. Vincent & Grenadines. Nesta votação, de forma omissa, o governo brasileiro preferiu se abster.
Protestos
Ambientalistas, ONGs internacionais e ativistas pelos direitos animais têm protestado desde segunda-feira (10) contra a liberação da caça a baleias. Eles permanecem em Florianópolis para acompanhar as discussões.
Entre as entidades que lutam pela preservação das baleias está o Greenpeace, que, inclusive, criou um abaixo-assinado online pela aprovação do projeto do santuário. “Países como o Japão continuam pressionando para que a caça comercial seja reaberta e suas indústrias baleeiras possam operar em todos os oceanos. A criação do Santuário de Baleias no Atlântico Sul é a medida mais urgente para protegê-las e não pode mais ser adiada!”, diz o texto da petição.